Carnaval na explanada
Carros na avenida...
Tempo, chuva, barro... Molhando, arrastando,
denegrindo fantasias.
Vitória de alguns... Derrota da maioria, o pó das
crenças, que se teve um dia.
Carnaval começa na quadra
Nos pés e nas nádegas... A dança que enquadra bruxas
e fadas.
O ritmo que encanta os olhos e engana a mente, consagra
a trilha e enxovalha as famílias.
Carnaval continua no ventre... Semente que brota,
ferindo costumes... Fruto divino, sem paz e sem lume.
Blocos amorfos... Crianças? Aborto.
O trem elétrico, não mais passará... O seu ritmo
excita, a febre palpita... A festa termina... Mas a heroína? Essa fica.
O carnaval continua nas avenidas... Desce as
banguelas, o beco, pisa o esterco da dignidade humana.
É timbre que zoa, perverte, engana.
Montanha russa
Porcos que fuçam aqui, ali acolá...
Terra arada na esplanada
Grotas espalhadas em nossas pegadas
No meu, no seu, no Brasil de todos... Brasil que amamos,
mas que politicamente não vale nada.
Brasil que se mascara de verde e amarelo pra assistir
o próprio funeral no inferno.
E assim o Carnaval continua...
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